Reforçando o poder alquímico de pensamento positivo pela prática de viagens semi-improvisadas
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Últimos anos de um fenômeno natural
A lógica de redução de impacto ambiental na construção de hidrelétricas é exatamente esta: encher maiores desníveis no leito do rio e evitar alagamentos de grandes áreas. Assim sumiram Salto de Guairá, Cachoeira Paulo Afonso no Brasil e várias outras cachoeiras no mundo. Os cânions Xingó no Rio São Francisco esconderam por baixo de água da nova represa aqueles Saltos perigosos que quase ninguém visitava. Até os pequenos saltinhos no Rio Paraíba, próximo à divisa SP - RJ, bem ao lado da Via Dutra, desapareceram recentemente, e duas novas PCH já estão produzindo a energia, enquanto as micro-represas alagaram quase nada...
Agora é a vez do bem mais famoso, mas quase igualmente pouco visitado Salto do Yucumã no Rio Uruguai, na divisa de Rio Grande do Sul com Missiónes, Argentina. O projeto de Complexo Hidrelétrico Binacional Garabi-Panambi está em andamento e o pleno funcionamento das novas usinas é previsto para 2020, acompanhe pelo site da ELETROBRAS. Embora não faltam declarações sobre a proteção de tudo, inclusive do Salto, as leis físicas que mandam: ou água pula das pedras, ou cai pelos tubos das unidades geradoras direto às turbinas. É a melhor solução de ponto de vista ambiental, já que não sabemos poupar a energia e gastamos cada vez mais, é necessário que cada vez mais água passe pelas turbinas, portanto o dano menor é nivelar os saltos e não criar lagos enormes no lugar das florestas e dos campos produtivos.
Portanto, vale a pena visitar o Salto do Yucumã logo, está com anos contados. De fato, já não é o mesmo Salto Enigmático, que variava muito junto com o nível de água no rio. Na época da seca (novembro a março), as fracas cortinas de água caíram para uma fenda bem profunda. Nas cheias o fluxo aumentava, a fenda ficava entupida de água e a altura de queda diminuía dramaticamente. E nos dias de enchentes ou quase, a água corria por cima de tudo isso, e o Salto suma de vista. Mas em 2010 entrou em operação rio acima usina Foz de Chapecó (site oficial), cuja barragem regula o fluxo do rio conforme às necessidades de geração. As enchentes não ocorram mais, mas as "quase-enchentes" quase sempre, e nunca mais ocorre que o rio fica tão fraco, que altura da queda no Salto do Yucumã atinge dezenas de metros.
Assim, em janeiro de 2013 encontramos um rio bastante forte e um Salto com 5-7 metros de queda, bom padrão para últimos tempos. Ainda bem que não foi nivelado por completo.
E já na aproximação ao leito do Rio Uruguai observamos o esplendor da sua extensão longitudinal, famosos 1800 metros praticamente em linha reta e com queda contínua.
Caprichosamente, o Rio Uruguai vira de costas à Argentina e salta na direção do Brasil, as vistas panorâmicas existem só da margem esquerda. E a torre construída na margem direita ajuda pouco.
O degrau próximo à margem esquerda é menor e aumenta com afastamento da mesma (nesta foto tirada contra fluxo - da direita à esquerda).
Esta parte do leito pedroso do rio, por onde os turistas andam e pulam agora, também é capaz de encher. Acabano com tais pontos de observação e com o próprio Salto.
Mas agora há uma queda considerável, cuja potência se pode sentir de perto.
E de mais perto ainda...
Para visitação do lado argentino também há solução - transporte turístico fluvial.
Mas assim é mais sustentável.
Os furos redondos esculpidas pela água nas pedras atestam que há muita energia a expropriar da natureza por aqui...
Na despedida, mais uma imagem do fenômeno.
O "caminho das pedrinhas" entre o rio e o estacionamento não é longo e nem difícil, a sombra das árvores ajuda.
Nos finais de semana, com tempo tão bom, as churrasqueiras do Parque também atraem seu público, e as vistas do Salto ficam para sobremesa cultural.
O portal do Parque Estadual do Turvo. Este acesso foi asfaltado recentemente, diminuindo em 20 km o trecho de terra até o Salto (começava logo depois da cidade Tenente Portela). Mas os 15 km dentro do Parque, no meio da mata, devem continuar de mesmo jeito.
O ponto de informações do Parque Estadual fica na pequena cidade Derrubadas, a quase 20 km do Salto.
A cidade é arrumadinha, mas muito pequena, praticamente sem opções de hospedagem e alimentação.
Neste escritório pode contar com bom atendimento e com lojinha de lembranças. Mas não há excursões ao Salto organizadas, tem que ir com transporte próprio.
Fotos do autor.
Atualizado 07.12.2018
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