sábado, 15 de setembro de 2018

Pela parte ocidental da República Oriental do Uruguai

Mochilada solo no Uruguaiem setembro de 2018 - 7 dias 

Esta viagem foi focada no mais novo objeto de Patrimônio de Humanidade tombado pela UNESCO em 2015 um frigorífico gigante nas margens do rio Uruguai, que por mais de um século exportava monstruosas quantidades de carne congelada ou enlatada e outros produtos de pecuária. O próprio rio e as cidades do "Litoral Uruguaio" também atraíram muito, bem como pontos de fronteira  entre o Brasil e o Uruguai. Portanto, a viagem foi planejada com base em passagens aéreas para voos dentro do Brasil: ida para Porto Alegre por "milhas" e retorno de Uruguaiana com conexão em Porto Alegre por preço camarada. O esboço do roteiro foi apresentado aqui: Embarcando para oeste do Uruguai e, em geral, tudo rolou de acordo com mais otimistas previsões sobre logística. E o conteúdo foi ainda melhor, já que no percurso descobri mas um objeto interessante na margem leste do rio Uruguai, e conseguiu improvisar uma esticada até lá.



O número de cidades e cidadezinhas uruguaias visitadas foi registrado com fotos dos monumentos  do general Artigas (1764 - 1850), onipresentes no Uruguai.

Mas nem tudo foi perfeito: acabei desistindo de passar pela outra margem do rio e gastar a minha sobra dos pesos argentinos guardados e desvalorizados desde viagens de 2016, e o tempo fechado não ajudou apreciar as belezas do rio Uruguai.



Mesmo assim ainda curti este magnífico rio em seis cidades: cinco uruguaias e uma brasileira - todas da margem esquerda, enquanto a Argentina sempre estava no outro lado.

Uma breve crônica diária desta viagem:

28/08/2018. À tarde voo para Porto Alegre (nesta vez de CGH). Metrô do aeroporto até a rodoviária, compra de passagem para ônibus das 21:00, passeio pelo centro da cidade, com jantar no famoso  mercado. Noite no ônibus para a cidade de Quarai: cerca de 600 km, atravessando quase todo o estado do Rio Grande do Sul.

29/08/2018. Chegada às 5:40 da manhã, e antes do amanhecer, travessia pedestre da fronteira - pela ponte sobre o rio Quarai. Registro da entrada no Uruguai já na praça central da cidade de Artigas onde fica o escritório da migração.
Quaraí RS - Artigas: ponto de fronteira e ponte no rio Quaraí
Sem trocar o dinheiro e sem cafezinho embarquei às 7:00 no ônibus de Artigas para Salto (200 km, 3 horas de viagem). Quase seis horas de passeios pela segunda principal cidade do Uruguai, e depois outro ônibus - para Fray Bentos (250 km, 4 horas). Cheguei ã noite, e logo pousei por duas noites em um hotel no centro da cidade.

30/08/2018. O dia chave da viagem. De manhã no centro de Fray Bentos, depois pelos parques e pelas avenidas beira-rio para próprio objeto UNESCO onde passei mais umas horas. Na parte da tarde, uma esticada fácil de ônibus (30 km) para cidade vizinha de Mercedes, maior e mais próspera, onde mais de dois séculos atrás foi proclamada a independência do Uruguai.

31/08/2018. Começando o retorno, pelo menos até Salto pela mesma rodovia, mas agora com parada em Paysandú (130 km de Fray Bentos) por 24 horas. Cheguei ao meio-dia, e logo comprei mais 3 passagens para hoje e amanhã. Uma hora e meia depois já defini a hospedagem, deixei a mochila no no hotel, e peguei outro ônibus - para colônia russa de San Javier nas margens do Rio Uruguai (50 km). O tempo começou a firmar, portanto andei cinco horas neste vilarejo em uma atmosfera muito memorável. Este lugar se tornou a maior descoberta da viagem, e só tomei conhecimento da sua existência dois dias antes, ao chegar em Fray Bentos. Voltei para Paysandú bem tarde.

01/09/2018. De manhã fiz um passeio pela cidade de Paysandú, a mais próspera de toda esta rota uruguaia. Ao meio-dia segui com o mesmo ônibus que me levou até aqui um dia antes, agora sem parar em Salto - direto para ponto da fronteira Bella-Unión - Barra do Quaraí (290 km). Fiz dois passeios curtos nestas cidades fronteiriças, com interminável chuvisco, e o transfer foi de táxi (7 km), com registro de saída do Uruguai quase na própria ponte sobre o mesmo rio Quaraí que cruzei no primeiro dia da viagem.
Barra do Quaraí RS - Bella Unión: ponto de fronteira e ponte no rio Quaraí
Ônibus para Uruguaiana (75 km) saiu às 18 h e chegou às 19:30. Logo encontrei um hotel próximo à rodoviária e parei lá por duas noites.

09/02/2018. O domingo nesta carismática cidade brasileira começou com mesma chuva de ontem. O  tempo melhorou só por volta das 11 h, aproveitei para andar pelas ruas e praças e depois fui para a margem do rio Uruguai. Acabei desistindo da ideia de passar umas horas na Argentina: a ponte sobre rio Uruguai está fechada para pedestres, e os ônibus urbanos internacionais não circulam aos domingos. Portanto fiquem em Uruguaiana mesmo, recuando para hotel com começo da chuva de noite.

09/03/2018. Finalmente, o tempo ficou bom, então, pela manhã, expandi o meu contato com  Uruguaiana e fiz algumas compras. Depois entreguem o quarto de hotel, almocei e fui de táxi para o aeroporto. De onde segui para GRU em dois tempos, com conexão curta (35 min.) em Porto Alegre.

Álbuns fotográficos:

Resumo da viagem

Fotos do Baixo Uruguai já foram apresentadas acima, e essa parte do grande rio ainda não me sorriu tanto quanto as outras (por exemplo, o Salto do Yucumã). Já o objeto principal deste roteiro não é fotogênico independente das condições climáticas.



Este memorial da gigantesca carnificina ainda não foi digerido, pode até mesmo me transformar em um vegetariano.

Em compensação, no caminho de ida e de volta conheci toda uma cadeia de capitais provinciais do Uruguai e, no plano arquitetônico e cultural, todas cinco valeram a pena.



Com relação às igrejas principais, a cidade de Salto (a maior de todas) nesta coleção está representada por duas, Paysandú, Mercedes e Fray Bentos, por uma cada, e a Artigas ficou sem um cartão de visita desta categoria.



Mas havia outras joias de diversas categorias que serão apresentadas em detalhes já nos anexos locais a este relato.


Como na viagem de 2010 pela outra parte do Uruguai, não pude deixar de prestar atenção aos elementos do museu nacional do automóvel espalhados pelas ruas.

Mas os meus veículos foram outros:
 

As  imagens menores mostram a dupla brasileira, e a maior de toda aquele "Sabelin" que me ajudou a explorar a  Rússia Uruguaia. Tanto esta empresa, quanto AGENCIA, CHADRE e CUT foram acionadas mais de uma vez cada.

A versão final (realizada) da minha rota ficou assim:




Como foi planejado antes do início, dos seis pontos de fronteira Brasil - Uruguai utilizei as duas mais ocidentais.



Ambas envolvem as pontes estão sobre o mesmo rio Quaraí, afluente oriental do Uruguai.

Na verdade, o planejamento preliminar deste roteiro começou com a ideia de entrar no Uruguai pela bastante animada e interessante por si só conurbação Santana de Livramento - Rivera, e passar também em Tacuarembó. Mas não consegui visualizar pela Internet os ônibus diários de Rivera ou  de Tacuarembó para Fray Bentos, ou para uma capitais provinciais vizinhas. Aparecia apenas uma linha para Paysandú com duas frequências semanais, mas os dias não combinaram com meu gráfico, e opção de seguir via Montevidéu aumentava o percurso demais. De fato tal solução existe, mas só percebi isso ao chegar em  Paysandú, de onde uma empresa local circula para Tacuarembó e de volta 3 vezes por dia. Mas a minha decisão de ir por Artigas valeu nesta vez, com tempo tão curto. E a cadeia Santana de Livramento - Rivera - Tacuarembó ficará para início do meu próximo roteiro gaúcho-uruguaio.

Mas estes planos de explorar o nordeste do Uruguai e o sudeste do RS não são para próximos meses, provavelmente para fim de 2019 ou já para 2020. E na nova viagem aproveitarei algumas experiências adquiridas agora. Em particular, levarei comigo umas comidinhas de viagem mais consistentes, e não apenas um chocolatinho que me salvou nas primeiras horas em solo uruguaio. Nesta vez andei pelo lugares menos turísticas em comparação com o eixo Punta - Montevideo - Colônia que conheci em 2010, e achei que a alimentação lá é menos acessível: poucos restaurantes e lanchonetes, poucas opções, preços altos. E os supermercados também se tornaram mais caros: ao retornar para Brasil observei que os uruguaios em massa cruzam a fronteira para fazer compras.


Uruguai oito anos depois

Mesmo considerando as diferenças regionais, fiquei com impressão de que o país vizinho ficou ainda mais estagnado desde os tempos da primeira viagem (O Uruguai turístico: Montevidéu, Colônia e Punta). Em particular, em 2010 houve voos internos regulares, pelo menos entre Montevidéu e Salto - com aeronaves ATR-72 de 70 lugares e bastante frequentes. Enquanto no estado de Rio Grande do Sul, comparável em território e até maior em população, a aviação regional estava quase desaparecendo. Hoje em dia tudo ao contrário: a aviação civil do Uruguai morreu de vez, e no Rio Grande do Sul surgiu boa malha aérea da AZUL, que funciona também como "feeder" do seu "hub" em Porto Alegre, por ironia do destino - operando com os mesmos ATR-72.

Nesta vez, na relação preço-qualidade o Uruguai perdeu feio. Sobre alimentação fora e preços de supermercados já comentei acima. Logo na volta ao Brasil notei que os pratos e as bebidas similares (menos vinho) são 2-3 vezes mais baratos, e a oferta é muito mais ampla e diversificada. Pela hospedagem da mesma categoria também estava pagando no Uruguai duas vezes mais do que no Rio Grande do Sul. Os preços das passagens de ônibus estavam aproximadamente no mesmo nível - é um paradoxo, já que o combustível no Uruguai é significativamente mais caro. Mas o Uruguai continua atraente graças à sua segurança pública, aos seus centros de informação turística que oferecem bons mapas e folhetos, e aos museus e até zoológicos (pelo menos em Salto) gratuitos e de bom nível.

Fotos do autor
Atualizado 02.02.2022

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