sábado, 5 de janeiro de 2019

A nossa expedição pela Patagônia argentina

Mochilada a dois pelo sul da Argentina, 16 dias em janeiro-fevereiro de 2016

Finalmente conseguimos realizar este plano: o roteiro básico foi detalhado ainda no fim de 2010, mas houve um contratempo na  hora de comprar passagens, seguido por outros motivos de adiamentos.  E nossa paciência valeu a pena, quando este plano amadureceu o suficiente deu tudo certo. Foi muito bom sem pressa atravessar estas regiões incríveis, andar por aquelas trilhas... Gostamos tanto dos três destinos-alvos (tombados pela UNESCO), quanto dos lugares que serviram de conexão entre estes.



O roteiro terrestre foi formatado de acordo com passagens aéreas espertas: não apenas ida e volta entre São Paulo e Buenos Aires (GRU-AEP-GRU), mas com acréscimo de mais um voo interno El Calafate  - Buenos Aires (FTE-AEP) no penúltimo dia, este último saiu quase de graça - por volta de R$ 100 por pessoa. Assim reservamos 15 dias para ir por terra da capital argentina ao sul, tentando conhecer tudo do mais interessante que estiver pelo caminho, incluindo obrigatoriamente os três monumentos de Patrimônio da Humanidade nesta parte da Argentina. E a nossa  trajetória real foi de modo geral conforme previsto (Plano de aventura na Patagônia: 2 semanas a partir de 20.01.2016), mas a rodagem total ficou maior - quase 5 mil km. Isso foi devido basicamente às longas esticadas bate-volta entre cidades de apoio e atrações principais, com contribuições de uma interferência climática e de algumas particularidades das linhas de ônibus na Patagônia.   

Rota (pernoites): 
Buenos Aires - (ônibus noturno) - Puerto Madryn (2 noites) - Península Valdés - Trelew (1) - Gaiman - Comodoro Rivadavia (1) - Las Heras (1) - Perito Moreno (1) - Cueva de las Manos, Rio Pinturas - (ônibus noturno) - El Chaltén (1) - El Calafate (5 noites, com excursões pelas geleiras) - voo interno - Buenos Aires (1)


Conexões de ônibus entre Buenos Aires e El Calafate

Fotos da Província Chubut:
Puerto Madryn - Península Valdés - Punta Tombo - Trelew - Gaiman - Comodoro Rivadavia

Fotos da Província Santa Cruz:
Las Heras - Perito Moreno (cidade) - Cueva de las Manos, Rio Pinturas - El Chaltén e suas trilhas - Geleira Perito Moreno, parte terrestre - Geleira Perito Moreno, parte aquática - Estancia Cristina - Lago Argentino, Braço Norte - El Calafate

Fotos aéreas:

FTE-AEP A320 LAN - AEP-GRU A320 TAM


Breve diário anotado no caminho:


20.01.2016.  NEGÓCIOS EM BUENOS AIRES

A capital da Argentina já desbravamos razoavelmente bem em 2012-2013, e nesta vez o principal negócio foi a conexão intermodal: de avião para ônibus com 5 horas entre a chegada para o Aeroparque AEP e a partida do principal terminal de ônibus Retiro. Desembarcamos na hora programada, rapidamente passamos pela fronteira e pela alfândega, já que carregamos apenas a bagagem de mão - uma modesta mochila e uma pequena bolsa.  Meia hora depois, já estávamos na rodoviária, chegando em um ônibus urbano comum. Confirmamos na bilheteria da empresa DON OTTO a validade das passagens compradas pela Internet, recebemos números das possíveis plataformas de embarque, e deixamos a bagagem no guarda-volumes automático.

Então sobrou um tempinho para negócio número dois: andamos pelas praças e ruas do centro, almoçamos, compramos provisões para a viagem e, o mais importante, visitamos uma das agências de viagens. Lá apreciamos os preços argentinos de excursões em El Calafate, o último e principal destino do nosso roteiro, e entendemos que desistimos das compras antecipadas pela Internet com toda razão. No fim das conversas compramos em Buenos Aires apenas 2 tours diários: o básico e o um dos três que foram visados além dele - aquele que registrou a maior quada de preço. Mais uma excursão foi simplesmente excluída, já que, em muitos aspectos, ela repetia partes dessas duas, e um dia livre seria bem vindo. Já a decisão sobre mais uma opcional, como, por exemplo, de invadir o Chile (PN Torres del Paine próximo à fronteira), foi adiada até os últimos dias da viagem.

Deixamos a Buenos Aires ao pôr do sol. A rodovia começou já no centro, mas a cidade ainda preenchia todos os horizontes por um bom tempo. Depois de paradas em mais dois terminais, Liniers na periferia e Ezeiza no subúrbio (próximo ao aeroporto principal), foi servido jantar a bordo -  quentinho, como em um voo intercontinental. Dormimos bem: assentos grandes e confortáveis, rodagem suave do ônibus de dois andares com suspensão macia, asfalto liso das estradas retas e planas...


21.01.2016.  TEMPESTADE EM PUERTO MADRYN

Passamos a maior parte do dia na estrada. O céu azul impecável gradualmente se tornou branco, e depois ficou quase cinza, estava muito seco e ventoso. Chegamos em Puerto Madryn (1,4 mil km de Buenos Aires) quase às 14 horas - com atraso de mais de uma hora. Recebemos na rodoviária um mapa da cidade e algumas dicas úteis, em 10 minutos de caminhada chegamos ao nosso “hostal” e gastamos outros 15 para check-in. Logo fomos procurar a agência que agendou para nós duas excursões de longa distância - para confirmação e pagamento. Deu tudo certo e aproveitamos para entrar em contato com outra agência - representante do operador dos vários serviços turísticos em Perito Moreno, uma pequena cidade na nossa rota. Estávamos preocupados com a proximidade do fim de horário de atendimento, mas na realidade foi contrário - no momento todos estão em excursões, e o escritório só abre das 18 às 21, tanto hoje quanto amanhã.

Ganhamos um intervalo para almoço tardio ou para jantar antecipado em um dos atraentes restaurantes da orla - as referidas agências estão localizadas na mesma avenida beira-mar, com distância de um quilômetro e meio entre si. Enquanto esperávamos o nosso prato de peixe, o céu ficou cinza escuro e a chuva começou a pingar. No começo isso agradou: parecia uma rápida chuva de verão que prometia refrescar um pouco o ar atmosfera no auge da estação seca.

Mas logo ficou ainda mais escuro, começou uma forte tempestade com raios. No restaurante (e quase em toda a cidade) as luzes se apagaram, e Puerto Madryn ficou sem energia elétrica até a noite. A chuva às vezes diminuía, mas depois se intensificava novamente. Comemos devagar, pagamos e, com os guarda-chuvas já prontos paramos na saída, esperando um novo enfraquecimento dos jatos de água. E então notamos que a avenida estava completamente inundada, os carros passaram quase flutuando levantaram ondas que avançavam sobre calçada. Depois piorou: a água jorrava para  calçada mesmo sem ondas. E o restaurante estava alguns degraus abaixo, e apenas um pequeno meio-fio estava adiando a sua inundação.

Avaliamos com devida calma esta situação e resolvemos sair caminhando - descalços e arregaçando os jeans mais alto possível. Fomos para hostal escolhendo ruas menos inundadas e não pelo caminho mais curto.

Por mais 2-3 horas escutamos  fúria de chuva e trovões, mas enfim tudo ficou quieto. O céu bonito antes de pôr-do-sol, com um avião passando lá em cima, as águas recuaram da porta do hostal... Ainda era bom horário para visitar a outra agência, ou pelo menos comprar algo no supermercado, mas nós não encontramos nenhum caminho seco para fora do quarteirão. Olhamos como pequenas canoas navegaram pela rua vizinha, entramos na próxima padaria e fomos dormir ...
Fotos: Puerto Madryn


22.01.2016. MUDANÇA DE PLANOS POR FORÇA MAIOR

Na manhã seguinte, as ruas estavam quase secas, mas em muitos lugares havia depósitos de terra, areia, seixos... Estamos saindo para a principal excursão da parte inicial do nosso roteiro - pela Península Valdés. Além de nós, haverá apenas um casal da Holanda, então o operador apenas uma pick-up comum em vez do van. Paramos no outro hotel, mais chique, esperamos, mas os companheiros potenciais desistiram desta aventura, mesmo já paga - não se sentiram bem depois do estresse de ontem. Seguimos apenas nós três (o motorista também será nosso guia). Depois de 80 km de estradas asfaltadas encontramos a cancela do Parque Nacional ainda fechada: ocorreu que o acesso foi interditado para todo dia de hoje, para vistoria das estradas pelo serviço de defesa civil, preocupado com consequências daquela chuva fora de comum. De fato a chuva aqui é um evento raro, especialmente na estação seca de verão. E a de ontem foi e categoria inédita - trouxe 20-25% da taxa de precipitação anual (40-50 mm de 200), portanto um verdadeiro evento de força maior.

Foi uma grande decepção, mas não fatal. Pedimos o nosso guia entrar em contato com a agência dele para trocar a ordem das excursões, adiantando para hoje a Punto Tombo que foi agendada para amanhã. Em breve recebemos "de acordo": amanhã há lugares livres no van grande para Valdés, e assim será melhor para todos.  Nem cobraram custos adicionais de rodagem, embora precisamos voltar até Puerto Madryn antes de seguir outros 160 km para o sul.

Punta Tombo valeu a pena: centenas de milhares de pinguins, o cheiro forte de um grande mercado de peixe nunca lavado, trilhas confortáveis, cruzamentos com caminhos dos pinguins em dois níveis com, mirantes espetaculares. Tudo contribui tanto para vistas panorâmicas impactantes, quanto para observação dos animais de perto, sem incomodá-los.

Voltamos à cidade na hora certa para visitar a outra agência. Mas não conseguimos fazer as reservas pretendidas: o equipamento estava inoperante e o pessoal ainda estava limpando a loja depois do dilúvio. Mas recebemos algumas informações valiosas: 1) do lado norte (mas não diretamente desta cidade) para cidade Perito Moreno realmente existem apenas aqueles 2 ônibus por dia que nós catamos na Internet; 2) nosso plano de ir com segundo é inviável - após a meia-noite o hotel estará trancado - sem recepção. Começamos analisar possíveis soluções: tentar chegar lá na outra hora, ou simplesmente excluir este ponto do roteiro e seguir para sul pela costa...
Fotos: Punta Tombo


23.01.2016. FINALMENTE VALDÉS

Por causa daquele evento de força maior, acabamos rodando algumas centenas de quilômetros a mais, somando uns mil em dois dias (22-23 de janeiro). E ainda perdemos carona de Puerto Madryn para Trelew, onde planejamos desembarcar na volta da Punto Tombo no segundo dia.  Mas o que importa é que no sábado, dia 23, com atraso de apenas um dia, visitamos a magnífica Península Valdés, um monumento natural do Patrimônio de Humanidade da UNESCO. Curtimos suas fantásticas paisagens e a sua variada fauna das praias geladas: dos mesmos pinguins aos leões marinhos e até elefantes, também marinhos. E ainda os bichos terrestres: guanacos, nandus, tatus, etc. É muito impressionante, valeu mesmo ir pela Patagônia por terra e não pegar um voo voamos direto de Buenos Aires para El Calafate.

Na noite de sábado tomamos ônibus regular Puerto Madryn  - Trelew que circulam a cada hora (65 km, uma hora de estrada plana). E cabia ainda uma extensão cultural: caminhamos pelas principais ruas da segunda cidade da nossa rota, curtimos um concerto gratuito de música folclórica na avenida central - com ativistas locais dançando tango...
Fotos: Península Valdés


24.01.2016. NOVA GALES DO SUL DA AMÉRICA

No domingo de manhã continuamos a explorar esta cidade Trelew, e depois esticamos até a sua  vizinha Colônia Gaiman. Esta pedaço é muito especial: o vale do rio Chubut concentra muitos pomares e hortas, coisas incomuns para as estepes da Patagônia. Ele foi explorado por imigrantes do País de Gales, cujas tradições culturais tornam Trelew e Gaiman mais atraentes ainda.
Fotos: Trelew - Gaiman

Das 13:20 às 19 h andamos de ônibus: de Trelew até Comodoro Rivadavia, a capital do petróleo da Argentina e a cidade mais ao sul da mesma província de Chubut. Neste rodamos quase 500 km, já que o ônibus também passou pela cidade Rawson, a modesta capital de Chubut.

Com ajuda de wi-fi a bordo encontramos a solução para chegada em Perito Moreno sem necessidade de embarcar ou desembarcar no horário inoportuno. O novo plano ficou assim: amanhã, no dia 25, conhecer a cidade Comodora Rivadavia e avançar mais 260 km até Las Heras, já na província de Santa Cruz. Até Las Heras há muito mais ônibus, mas esta cidade não interessa, pararemos lá só para pernoitar e de manhã completar outros 170 km até a cidade de Perito Moreno.

Ao chegar em Comodoro Rivadavia compramos passagens de ônibus para dois dias seguintes e logo localizamos o nosso hotel. Onde encontramos nossa reserva cancelada, supostamente a nosso próprio pedido por telefone. Provavelmente, confundiram nomes, mas deixe para lá. Não foi nenhum desastre, em 10 minutos visitamos dois outros hotéis quase ao lado e escolhemos um. Ainda deu tempo para bons passeios pela cidade, com direito a mais um show musical na praça pública.


25.01.2016. ENTRADA EM SANTA CRUZ

Mais um dia bem balanceado entre passeios por duas cidades e deslocamento de ônibus entre as mesmas. Nesta vez apenas 3,5 horas de estrada. E pela manhã andamos de todo jeito pela cidade, conhecemos a Comodoro Rivadavia até mais do que imaginamos antes. Levamos sorte - no café de manhã no hotel encontramos um folheto no quadro de avisos, com oferta de excursões GRATUITAS pela cidade algumas vezes por semana, e a próxima começava em menos de uma hora. Conseguimos últimos 2 lugares no micro-ônibus, e fomos premiados com ótimo tour organizado pela Prefeitura. Incluindo até uma subida morro panorâmico com 200 metros de altitude e melhores vistas da cidade e do Atlântico.
Fotos: Comodoro Rivadavia

Depois ainda passeamos pelo centro por conta própria, almoçamos, e às 13 horas embarcamos no outro ônibus de longa distância. Primeira hora foi de melhores vistas pela janela de ônibus nesta viagem: uns 80 km da Ruta Nacional 3 quase grudadas a orla do Atlântico. Já depois da cidade  Caleta Olivia, que fica já na província de Santa Cruz, como os nossos destinos restantes, o ônibus virou para dentro do continente, na direção da Cordilheira dos Andes. Nós despedimos com o oceano até os voos de retorno de seguimos mais duas horas uma estepe muito plana, densamente enfeitada com máquinas para extração de petróleo.

Pousamos em um dos hotéis simples bem em frente ao novo terminal de Las Heras, e saímos para conhecer esta pequena cidade. Aproveitamos para comprar algumas comidinhas e bebidas para jantar e para próximo dia de estrada.
Fotos: Las Heras


26.01.2016. UM DIA FÁCIL

Menos de três horas no ônibus, e ao meio-dia já chegamos em Perito Moreno. A cidade é pequena e depois do jantar dorme quase integralmente. Todos os assuntos organizacionais foram resolvidos aos poucos: começando com check-in no hotel (planejado, mas não reservado) e câmbio de mais uma quantia de dinheiro na sua recepção, depois andamos bastante até conseguir agendamento da excursão para amanhã, o que viabilizou compra de passagens para nosso próximo ônibus - saindo logo depois do retorno da excursão. Enfim, deu certo e entre todas essas coisas caminhamos bem pela cidade - verdadeiro oásis cheio de rosas e choupos (há até mesmo algumas bétulas). Amanhã nós vamos para Cueva de las Manos, e depois seguiremos de ônibus noturno para Parque Nacional Los Glaciares onde passaremos os dias restantes da viagem (primeiro em El Chaltén, e outros em El Calafate).
Fotos: Perito Moreno (cidade)


27.01.2016.  ALVO No.2

Desde 1999 este monumento histórico-natural faz parte do Patrimônio Mundial. E embora a UNESCO chame esse objeto de "Cueva de las Manos", a caverna em si não impressiona, é muito pequena. Mas a arte rupestre, na qual predominam impressões de mãos, está espalhada por volta desta caverna e ocupa superfície das rochas muito maior, nos impressionantes nichos sob paredes do cânion. E este cânion do Rio Pinturas é uma atração natural importante por si mesma. Com profundidade de 200 a 300 metros distribuída em 2 ou 3 degraus de falésias, com um rio e brilho verde da vegetação abundante no seu fundo, e com beirais irreais com rachaduras verticais de rochas - que ameaçam desabar a qualquer momento.

Vimos apenas uma pequena parte desse capricho dos processos geológicos do nosso planeta, e o seu comprimento total é de cerca de 150 km. E ainda atravessamos um pequeno cânion de outro rio, o principal afluente deste Rio Pinturas. Várias vezes grupos de guanacos e de nandus atravessaram  a estrada na frente do nosso. Nós também vimos uma lebre de tamanho impressionante (a verdadeira, não "a patagônica"), e um tatu peludo. Rodagem do dia passou de 260 km, e desde Buenos Aires já acumulamos nada menos que 3,6 mil. De noite vamos encarar mais 650 km até El Chaltén.
Fotos: Cueva de las Manos, Rio Pinturas 


28.01.2016. CAMINHADA PARA LAGUNA TORRE

Nosso ônibus noturno passou pela cidade Gobernador Gregores, o que aumentou a quilometragem, mas o tempo de viagem nem tanto. Neste desvio andamos mais pelo asfalto, driblando a parte mais difícil da Ruta 40, portanto sofremos chacoalhadas de cascalho apenas por uns 170 km. Ao amanhecer curtimos incrível aproximação à El Chaltén, com fantásticas vistas dos picos cobertos de neve que cresciam diante de nós, e emitiram brilho avermelhado em primeiros raios do sol. Chegamos antes das 7 da manhã, embora o tempo estimado foi às 8 h.

E até as 8 já encontramos o nosso hotel, deixamos lá quase todas as coisas, aproveitamos o café com torradas, recebemos um mapa das trilhas, e partimos para uma dessas. Para começar, escolhemos uma rota flexível, com opções de retorno do primeiro ou do segundo mirante, mas acabamos nós empolgando e fomos até o fim, chegando até a geleira da Laguna Torre. As vistas foram muito bonitas e bastante variadas, às vezes parecendo fora da realidade. Ida e volta somou 25 quilômetros em 7 horas, incluindo todas as paradas. O check-in ficou para três horas da tarde, depois saímos  para almoçar e conhecer a cidade. O pôr do sol curtimos no mirante mais próximo à cidade, o que resultou em mais 5 km de caminhada na ida e volta.
Fotos: El Chaltén e suas trilhas

29.01.2016. FITZ-ROY COMO SOBREMESA DE EL CHALTÉN

De manhã fizemos outra rota, com as melhores vistas do monte Fitz Roy (3359 m com proeminência de 1951 m). A extensão da parte obrigatória é de 4 km (da periferia da cidade, do hotel deu 5), com desnível de 350 m, mas a trilha é boa, quase sem pedras. O esquema das trilhas estimava tempo de ida em 1 hora e 45 minutos, o que  ameaçava o nosso limite de tempo até o ônibus para El Calafate: ida e volta ficaria em 3,5 horas das 4 que temos. Mas após o aquecimento de ontem andamos bem e retornamos em 2,5 horas, mesmo com parada de 15 minutos no mirante. O impressionante pico Fitz Roy pode ser visto claramente da parte mais baixa da cidade, bem como da própria rodovia de acesso, mas de perto ficou ainda mais bonito, e o mirante oferece também boas vistas para e seus vizinhos na Cordilheira dos Andes. A parte opcional desta trilha nesta vez não nos interessou: são outros 5 km até um camping, de onde começa subida mais brava para outro mirante. Mas ficamos satisfeitos com a programação básica, portanto por volta do meio-dia com sem estresse pegamos as nossas coisas do hotel e ainda deu tempo para almoçar na rodoviária.
Fotos: El Chaltén e suas trilhas

Depois partimos para El Calafate (3 horas de ônibus) onde finalmente pousamos por 5 noites no mesmo hotel, o mais confortável nesta viagem, onde até encontramos conexão decente de Internet. E ainda aquecimento central, com radiadores quentes no quarto em pleno verão! No primeiro dia nem tentamos desligá-los, mas depois aprendemos a regulagem. No check-in recebemos recado de um operador turístico, com hora de saída para a excursão de amanhã - que reservamos em Buenos Aires. Mais tarde andamos pela cidade e percebemos que ainda seria possível reservar agora, e até com desconto, se comprar uma pacote de 2-3 ofertas atraentes. Embora a nossa outra excursão reservada não fazia parte de tais pacotes, ainda era possível organizar as duas mais em conto. Mas perdemos pouco, muito menos do que ocorre nas compras antecipadas pelos sites - a El Calafate é terrível neste quesito.


30.01.2016. A INCOMPARÁVEL GELEIRA PERITO MORENO

No primeiro dia completo em El Calafate cumprimos a tarefa básica visitando o glaciar Perito Moreno. Não é a maior das geleiras da Patagônia, mas é  bem grande e ainda uma das mais vivas. Ela desce para o braço sul do Lago Argentino, e neste lugar espreme-o de 1 a 2 quilômetros de largura até algumas dezenas de metros, para quais a geleira com boa frequência solta novas porções de icebergs. Em média, uma vez a cada quatro anos este chamado "Canal de los Tempanos" ("dos icebergs") se fecha completamente, e a parede de gelo com altura de 50 a 70 metros alcança a margem oposta, onde os são montadas passarelas e plataformas de observação para visitantes. Nós pegamos exatamente essa fase: a geleira dividiu o lago em dois, e esta barragem de 300 metros de largura (a geleira toda é muito mais larga - até 5 km) deveria romper nos próximos meses, quando o nível da água na parte sul se elevará acima de vinte metros. Algumas passarelas das mais baixas já estavam fechadas devido à perigosa proximidade dos penhascos de gelo móveis, mas outras são suficientes para observar a geleira. O espetáculo é inesquecível: incríveis tons de gelo azul, os fragmentos desta gigantesca parede de gelo caindo na água a cada minuto ou dois. E muitos deles são do tamanho de prédios de vários andares.
Fotos: Geleira Perito Moreno, parte terrestre  
Depois de uma porção desses prazeres em solo firme, por mais uma hora observamos a geleira do bordo do catamarã, bem perto das novas quedas dos blocos de gelo.
Fotos: Geleira Perito Moreno, parte aquática

Este anfiteatro glacial está localizado no território do parque nacional, 80 km a oeste da cidade. No caminho de volta pela agradável estrada asfaltada, não só admiramos a superfície do Lago Argentino, mas também observamos entre as colinas vizinhas alguns picos agudos no horizonte.  O formato deles pareceu familiar. Sim, estas são as famosas rochas da reserva natural chilena Torres del Paine! Depois dessas imagens finalmente decidimos não nos envolver em uma excursão até lá do tipo bate-volta no mesmo dia. Por causa das distâncias e da fronteira deve ser quase tempo todo na cabine de caminhão 4 x 4, com curtas paradas para tirar dos mesmos picos mais de perto. É melhor deixar as belezas chilenas da Patagônia para outra viagem e então desbravar tudo com calma: em Torres del Paine também há boas trilhas, cachoeiras, etc.


31.01.2016. OS GIGANTES ICEBERGS AZUIS, A CRISTINA E A CATERINA

Neste domingo finalizamos as nossas excursões planejadas com antecedência com programação de pesada: 5 horas de barco (ida e volta pelo Braço Norte do Lago Argentino), e outras 5 horas de caminhadas e de descanso na "Estância Cristina". O mais memorável - encontro com icebergs azuis nas águas do Braço Upsala (ramificação extrema do Braço Norte). No início, os icebergs impressionaram com suas cores mutáveis ​​de azul claro celeste até azul intenso. Mas então vários catamarãs maiores chegaram atrás da nossa embarcação, e toda frota começou a manobrar entre montanhas flutuantes de gelo, cujo tamanho excedeu todas as expectativas. Tudo isso foi feito em conformidade com os padrões de segurança e a uma distância respeitosa da própria fábrica de icebergs - Geleira de Upsala. Mas mesmo a uma distância de 700 a 800 metros, a terceira maior geleira da América do Sul se apresentava como gigantesca.
Fotos: Lago Argentino, Braço Norte

Depois disso, o nosso barco seguiu para outra ramificação do Braço Norte, e logo desembarcamos na "Estância Cristina", uma fazenda que foi transformada em centro turístico. Os passageiros foram divididos em três grupos de acordo com bilhetes comprados. Pessoas mais preguiçosas e mais radicais foram de jipes e caminhonetes para um mirante com vista para a mesma geleira de Upsala, de o primeira grupo voltará mais tarde com o mesmo transporte, e o segundo caminhando por uma trilha mais longa. Enquanto os moderados, como nós, aproveitam outras trilhas para cachoeiras, e  exploram o vale do rio Caterina, no qual esta fazenda está localizada. O reencontro com os preguiçosos ocorre no restaurante ou no museu da fazenda, mas assim que os exaustos radicais  ​aparecem no horizonte, começa o embarque para barco - de volta ao porto do lado de El Calafate.
Fotos: Estancia Cristina

01.02.2016. NA ORLA DO LAGO ARGENTINO

Abençoado segunda-feira, o indispensável em roteiros como este "dia de reserva", que desta vez usaremos já após a conclusão da programação principal. Depois do céu aberto da última semana, o tempo ficou nublado, mas o vento diminuiu. Fizemos aquilo que começamos a achar interessante durante duas saídas de El Calafate e  posteriores retornos nos últimos dias: caminhamos ao longo da margem do lago dentro dos limites da cidade, observamos flamingos, patos, gansos, cisnes e outras aves. Apenas 15-16 quilômetros a pé, sem qualquer esforço. Depois do almoço, na lanchonete da mini-cervejaria, relaxamos em nosso hotel, à noite começou a clarear e descemos para os bairros centrais da cidade. Achamos a El Calafate muito atraente, foi bom guardar mais um dia para visitar seus parques, museus e bairros novos .
Fotos: 

02.02.2016. DELÍCIAS DE EL CALAFATE

A cidade é pequena, mas já tem vários parques agradáveis, assim como uma magnífica avenida-parque beira rio com o nome do carismático presidente Néstor Kirchner, construída com verbas federais - nos últimos anos do governo da sua nada menos carismática viúva. Com muita prazer incluímos no roteiro deste dia a repetição dos melhores trechos da orla, com paradas para contato visual com as aves que lotaram águas mais rasas. Mas o mais importante é que finalmente encontramos o Centro de Informações do Parque Nacional Los Glaciares durante o horário de atendimento. Lá é muito interessante: mapas, vídeos, exposições... Afinal, esta é a terceira mais antiga reserva natural de ambas as Américas, e em muitos aspectos é simplesmente única. E no território verde em torno dos prédios administrativos, há grupos esculturais divertidos que representam tanto o mundo animal da Patagônia quanto as personalidades que se destacaram em sua exploração.

Mas nós começamos este ronda adicional pela cidade com o bairro localizado entre o nosso hotel e os subúrbios leste, que pareceu surpreendentemente plano e ao mesmo tempo tinha poucas construções. Já uma rápida olhada na imagem de satélite desta área deixa claro que há alguns anos atrás  aqui havia um aeroporto. E nós experimentalmente confirmamos isso, encontrando duas desproporcionalmente largas avenidas, que cruzam sob um ângulo esquisito - eram as pistas de pouso e decolagem. Identificamos também um prédio abandonado do terminal aéreo, com pistas de manobras e pátio para estacionamento de aviões. Nos últimos anos esta área está começando a ser preenchida com hotéis e outros edifícios, portanto a transferência do aeroporto ao novo local a 20 km para leste criou excelentes condições consolidação da infra-estrutura desta cidade .
Fotos: El Calafate

03.02.2016. RETORNO DO FIM DO MUNDO

Este novo aeroporto já avistamos chegando em El Calafate do lado de El Chaltén, e conhecemos e perto na dia seguinte. Check-out depois de café de manhã no hotel e logo pegamos um táxi que nós levou até lá. No novo local há apenas uma pista de pouso e decolagem, em compensação maior e mais alinhada com a margem do lago. O terminal é muito chique, parece que foi construído com expectativa de aumento de demanda. Funciona desde o ano 2000, o tráfego atual já supera 0,5 milhões de passageiros por ano.

Foi o mais austral de todos os aeroportos do planeta que já utilizamos, embora não é tão próximo ao Polo Sul - fica na latitude de -50o e alguma coisa. Mas se Hemisfério Norte tal latitude de 50o nem um pouco parece circumpolar, no lado sul da Terra predomina a Antártida, e aqui já estamos nas suas vizinhanças. Bem que existem algumas vizinhanças mais patéticas, como a Terra do Fogo - a poucas centenas de quilômetros ao sul, e muitos voos com este destino pousam em El Calafate no caminho. Acabamos assistindo a decolagem de dois desses, já que o nosso voo para Buenos Aires foi atrasado em três horas (só este um, da meia dúzia diários). A programação dessas três horas também incluía o almoço por conta da companhia aérea (muito decente), e o wi-fi no aeroporto funcionava bem...

Durante mais de três horas do nosso primeiro voo integralmente dentro da Argentina (mais longo do que São Paulo - Buenos Aires) curtimos pela janela muitas vistas bonitas, e em especial dos lugares já conhecidos: começando com El Calafate e Lago Argentino, depois Comodoro Rivadavia, e no final uma parte da capital. Mas por causa daquele atraso a nossa programação em Buenos Aires foi reduzida até modesta caminhada pela avenida central e pelo bairro da Recoleta, com direito a jantar romântico no mesmo restaurante que conhecemos a aprovamos há 2,5 anos.
Fotos: FTE-AEP A320 LAN

04.02.2016. MAIS UM VOO DE VOLTA

Ao comprar passagens aéreas insistimos neste aeroporto AEP - Aeroparque Jorge Newbery que fica perto do centro, portanto não gastamos muito tempo nem dinheiro com transfers - só usamos o ônibus expresso e evitamos táxis: a nossa modesta bagagem não complicou caminhadas entre ponto de parada e hotel. De passagem compramos alguns doces típicos para os netos, e acabou o divertimento. Mais uma decolagem, até antes das 11:00 da hora local como constava na passagem. Nesta vez as vista após a decolagem foram simplesmente incríveis: do nosso estava o próprio aeroporto e depois a cidade inteira. Em seguida, a cidade vizinha de La Plata, e depois atravessamos o próprio rio-mar de La Plata, para encarar as nuvens densas do Uruguai e do sul do Brasil.

O véu branco acabou só próximo à São Paulo, na descida em espiral sobre a costa, com excelentes vistas das cidades de Santos, Guarujá e suas vizinhas. Foi um sinal: nos próximos meses nossas pequenas aventuras se concentrarão em lugares desta categoria - tesouros de litoral do sudeste brasileiro.
Fotos: AEP-GRU A320 TAM


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