Essa, é claro, é a minha opinião subjetiva, mas uma análise objetiva da questão mostrará que, de todas as cidades da região do Volga, é Samara que tem a orla mais bem arrumada, com avenidas beira-rio mais extensas e mais atraentes. Esta cadeia de passeios públicos recheados de praias não para de crescer, e seus novos elos são mais largos - verdadeiros parques costeiros. Convido para uma caminhada pela margem do Rio Volga, tomando como ponto de referência a Praça de Revolução (Alekseevskaya) no Centro Histórico, donde desceremos para Volga pela Rua Ventsek.
Em Samara da minha infância (então Kuibychev), houve apenas uma alameda beira-rio, atualmente chamade de "Velha", que se estendia ao longo da Rua Maxim Gorkiy entre Ruas Nekrasovskaya e Vilonovskaya, apenas quatro quarteirões que pareciam tão compridos (na verdade, é pouco mais de um quilômetro). Duas quadras de Nekrasovskaya a Ventsek foram ocupados pelos atracadouros e pavilhões do porto de passageiros, e o porto de carga se estendia da Rua Ventsek até a foz do rio Samara ("Samarka"). Naquela época uma parte dos terminais de carga foram transferidos para margens do Rio Samara e no segmento de 600 metros de Ventsek a Komsomolskaya surgiu o complexo do novo terminal fluvial de passageiros - com construções modernas e com muros de atracação adaptáveis para vários níveis entre cheia e vazante do rio.
Na temporada de navegação esta área é de agito permanente, e movimentação de belas embarcações impressiona.
Atualmente predominam duas categorias: modernos navios de cruzeiros (maiores) e tradicional transporte suburbano.
Um domingo ensolarado de verão convida muitos atravessar o rio para aproveitar a outra margem, praticamente selvagem.
Entre estes atracadouros e a Rua Gorkiy foi fundada uma nova alameda beira-rio que ganhou nome de Alekseevskaya, mas boa parte da sua área é ocupada pelos prédios do terminal de passageiros e do Hotel "Rossiya". Eles visualmente separam a Alekseevskaya do outro novo segmento, mais verde e alegre, que apareceu no local dos pavilhões de madeira do antigo terminal fluvial.
Oficialmente, ela é chamada de “3-a fase da alameda beira-rio de Samara”, e a praia mais antiga da cidade agora se alongou consideravelmente ao agregar o território anteriormente tomado pelos atracadouros flutuantes.
Durante muito tempo Alameda Velha estava à sombra da Nova, mais espaçosa e equipada, dona da melhor praia urbana. Mas na temporada de 2011 foi a vez de "revitalização" da Alameda Nova, que ficou interditada completamente, salvo acessos para praia. Por causa disso, muitos moradores da cidade prestaram atenção aos méritos da “Alameda Velha”, que foi expandida e reformada nos anos anteriores, e virou um passeio de moda mais uma vez.
É verdade que esta parte é um pouco mais estreita, mas isso também tem suas vantagens. Os edifícios do outro lado da Rua M. Gorkiy parecem sua parte integrante, e o casario desta rua é um dos mais interessantes da cidade, combina amostras de arquitetura stalinista da primeira metade do século XX com novos edifícios de prestígio que cresceram no lugar dos mais antigos e degradados. As perspectivas das famosas “ladeiras” das ruas do Centro Histórico também diversificam a paisagem.
Ladeira da Rua Ventsek.
Um tradicional prédio de apartamentos na esquina das Ruas Ventsek e M. Gorkiy.
E logo depois deste:
Um dos tesouros arquitetônicos do estilo "neoclassicismo soviético" – prédio administrativo da transportadora "Volgotanker S.A." (1936-1937).
A perspectiva pela ampla mas tranquila Rua M. Gorkiy, da Rua Ventsek no sentido da Rua Leningradskaya.
A "3-a fase" trouxe para Alameda Velha novas cores. Pontos de serviço ocupam apenas modestas áreas em nós de maior movimento, mas o espectro de opções oferecidas é bastante amplo.
Uma fonte luminosa e a "Ladeira Leningradskaya" estão bem no meio deste segmento que termina próximo à Rua Nekrasovskaya.
Depois da Ladeira Nekrasovskaya começa a clássica Praia da Alameda Velha. Esta é a vista no sentido do terminal fluvial, no fundo podem ser vistas instalações das indústrias petroquímicas de Samara e da vizinha Novokuibychevsk, e antes o Rio Volga vira para direita
Ao norte da cidade aparece uma tempestade local, típica chuva passageira de verão que jamais estragará um dia quente de praia.
Água limpa e transparente, areia fina que esquenta rápido sob raios escaldantes do Sol. A praia possui muitas cabines para troca de roupa e há também algumas quadras esportivas. O efetivo de salva-vidas é impressionante, inclusive há várias patrulhas de lancha. Tudo para um bom passatempo na água e no solo.
Próxima quadra termina na ladeira da Rua L.Tolstoi. Aqui impera um dos novos edifícios residenciais que serve como cortina e esconde construções antigas de menor valor.
Uma quadra adiante da Rua L.Tolstoi começa o trecho final, entre ladeiras das Ruas Krasnoarmeiskaya e Volonovskaya. De fato é uma quadra dupla, seu tamanho é exatamente a metade da edição original da Alameda Velha.
A própria Alameda nesta parte é mais ampla e mais arborizada, parece uma extensão do tradicional parque Strukovskiy que ocupa o terreno inclinado no outro lado da rua M. Gorkiy. Ao contrário da Alameda Nova, a Velha nunca chegou a ficar tomada pelas barracas de serviços e manteve a perspectiva da vias verdes. No inverno aqui funciona boa pista de esqui, e no verão praticam outras formas de atividade física.
O movimento de navios de passageiros pelo Rio Volga continua notável. Como no fim do século XX, os embarcações desta série fabricados na Alemanha Oriental continua em vantagem numérica sobre os demais.
Cerca de 50 navios de 96 m de comprimento e 4 pisos (um fechado, abaixo do convés principal) foram construídos nos anos 1954-1961 nos estaleiros da Pomerânia sob encomenda da URSS, e a maioria foi destinada para bacia do Rio Volga. Até os dias de hoje quase todos estes navios com propulsão a diesel (1200 c.v.) e capacidade de até 400 passageiros estão em serviço, a maioria foi reformada já no século XXI, para oferecer mais conforto.
Já na próxima foto encontramos uma raridade, embora da mesma idade - um dos últimos navios diesel-elétricos da série "Danúbio", importados na mesma época da (Tcheco-)Eslováquia. Para o próprio Rio Volga esta embarcação é bastante robusta, mas a sua operação em largas represas sempre foi problemática por causa de convés baixo e propulsão tímida.
Esta foto é de 10.07.2011. O navio idêntico "Bulgária" afundou algumas horas mais tarde na represa rio acima, e este "Petr Alabin", embora no dia seguinte atravessou o mesmo trecho perigoso, foi apreendido e inutilizado na chegada em Tcheboksary, portanto os passageiros que estão a bordo agora terminarão este cruzeiro de ônibus.
Mas voltaremos ao nosso passeio. A Praia da Alameda Velha é aconchegante em qualquer temporada, a até o pôr do Sol (que em maio-julho ocorre por volta das 22 h).
Sim, pôr do Sol na Alameda Velha é uma das principais atrações de Samara no verão, por aqui quase sempre quente e ensolarado.
Fim da Alameda Velha, Rua Vilonovskaya. Levando em conta alguns desvios, já andamos uns 2,5 km: a distância em linha reta daqui até a ladeira Komsomolskaya (terminal de passageiros e início da Alameda Alexeevskaya) é aproximadamente 2300 m. E muitos moradores da Samara preferem chamar toda esta parte de "Alameda Velha", os segmentos de várias épocas agora parecem parte de uma coisa só.
O próximo quilômetro da margem (ou um pouco menos, 900-950 m) ainda não tem alamedas beira-rio, em parte por motivos relevantes.
A primeira quadra com extensão 300 m é ocupada pela outra atração de Samara - a antiga "Cervejaria Zhigulyovskiy" (objeto de Patrimônio Arquitetônico e Cultural da Federação Russa No. 6310005000). As pedras de construção e a primeira geração de equipamentos foram importadas da Baviera no ano 1881. Esta empresa foi fundada pelo Alfred Filipovitch von Vakano, um cidadão russo descendente de austríacos, e exatamente no lugar de uma cervejaria ainda mais antiga. Nos tempos soviéticos esta fábrica originou a mais popular variedade de "pilsner" no país, portanto o local é uma pequena "Mecca" para admiradores da boa cerveja.
E alguns visitam o objeto só para curtir a tradicional choperia "No fundo" - ao lado do muro da fábrica, ao lado do mosteiro Iverskiy e escadaria da Ladeira Ulianovskaya. Alem de receber os chopes frescos por tubulações diretas, sem passar em barris ou em caminhões pipa, este estabelecimento ocupa lugar daquela antiga choperia que foi frequentada pelas personalidades como M. Gorkiy e V. Ulianov (futuro Lenin), e diz a lenda que um deles preferia chope escuro e ouro claro.
Nesta rua fica atracadouro da balsa auxiliar para pequeno Bairro Rozhdestveno, único que se instalou na margem direita do Rio Volga.
As embarcações maiores desta linha passam aqui sem parar, até um atracadouro de respectiva capacidade.
Entre Ladeira Ulianovskaya e Alameda Nova ainda há uns dois terços de quilômetro ainda sob ocupação da velha usina termo-elétrica. "U.T.E. Samarskaya" opera desde ano 1900, e atualmente é de pouca importância para sistema energético da cidade, portanto nas próximas décadas deve deixar seu lugar para mais um segmento de alamedas beira-rio.
Atualmente a Alameda Nova (nome oficial Alameda Nova Orlovskaya, conhecida também como "2-a fase") começa como nos tempos da sua inauguração, a partir deste Palácio de Esportes Aquáticos que serve principalmente como centro de treinamento para profissionais de natação de velocidade. O seu ponto final em 1961 era ladeira da Rua de 1-o de Maio: 1,45 km de parede reta de concreto com amplas alamedas escalonadas (exceto na parte ocupada pelo templo de natação olímpica).
As vias principais estão na sombra de grandes árvores, mas a via baixa que acompanha o parapeito é aberta, bem como a praia ao seu lado. Na estação de cheia as águas do rio podem até invadir este nível, assim que só uma parte desta grade de ferro fica visível.
Nesta parte inicial, próximo ao complexo de piscinas olímpicas operava o heliponto de entre temporada - para linha de Bairro Rozhdestveno nos meses sem navegação e sem estradas de gelo sobre rio. Nos últimos anos o serviço é realizado por aerobarcos que voam sobre rio e sobre gelo de outubro até abril, e substituíram tanto helicópteros quanto arriscadas travessias de carro por cima de gelo.
Este setor é adjacente à parte inclinada da Praça da Glória e oferece boas vistas do monumento da indústria aeroespacial da cidade e do imponente edifício da administração provincial. Um pouco à esquerda do monumento aparece pequena, mas graciosa Igreja do Grande Mártir George, o Vitorioso, que foi construída por último neste conjunto - em comemoração do milésimo aniversário do batismo da Rússia e o 55-o aniversário da Vitória na Segunda Guerra Mundial (portanto em 2010). E ainda mais distante, já no outro lado da ladeira da Rua Mayakovskiy, pode ser vista uma parte do edifício do circo. Este projeto foi testado pela primeira vez em Samara, e depois se tornou um padrão, os circos similares foram construídos em todas cidades da URSS com pelo menos um milhão de habitantes.
Esta vista é pela Rua Mayakovskiy, do lado da Alameda Nova.
Nas últimas décadas há uma praia de verdade já a partir deste ponto, mas no século XX quase todos banhistas urbanos de Samara se aglomeravam no trecho final, entre Ruas Polevaya e de 1-o de Maio.
Esta parte da praia continua sendo a mais popular, e no início da temporada, quando acaba enchente de primavera e as águas recuam e esquentam, aparece antes dos outros.
A Alameda Nova terminava abruptamente nos muros da fábrica "KINAP".
A Praia da Alameda Nova ainda termina aqui, no dique de concreto que a protege contra corrente do rio e serviu para tirar estas fotos. Depois da desativação desta fábrica as suas construções foram parcialmente reaproveitadas para implantação do centro de diversões com amplo estacionamento.
E ao longo deste complexo agora há uma extensão da Alameda Nova, que a conecta com magistral Alameda Outubro inaugurada em 1986.
Neste trecho de conexão há um atracadouro para transporte fluvial suburbano com nome de "Osipenko" - única parada intermediária entre Terminal de Passageiros e atracadouro "Barboshina Polyana" na altura dos bairros novos. Em cada um dos três há também travessia local para margem direita, com frequência maior nos finais de semana.
Vista do dique da Alameda Nova na direção da nova praia no final da Alameda Outubro. Adiante começa ais uma zona industrial desativada nos últimos anos, e este trecho de alameda beira rio já está em construção (o projeto é escalonado em 3 níveis).
Vista da Alameda Outubro sobre atracadouro "Osipenko". No fundo aparece mais uma balsa de alta capacidade que faz travessia entre Bairro Rozhdestveno e cidade (atracadouro "Rua Schmidt").
No início a Alameda Outubro, de impressionantes 7 níveis, estava meio deserta, mas as árvores cresceram rápido, e o lugar se tornou muito aconchegante. Junto com o trecho do centro de diversões somou mais de 1 km às Alamedas Velha e Nova, consolidando a liderança da Samara neste quesito de bons passeios beira rio.
Estes sete níveis oferecem amplas vistas de todo Semicírculo de Samara a parte mais curvada do Rio Volga.
Pedem ser visualizados até os locais distantes como Morro Careca e o bairro em torno de Centro de Propulsores Aeroespaciais que o melhor mirante da orla
O belvedere "Ladya" (no formato de barco nórdico medieval) na parte superior da Alameda "Outubro" tem vistas panorâmicas e se tornou uma das atrações de Samara.
E os crepúsculos noites de verão aqui são cheios de cores.
Relativamente perto deste local há mais um monumento muito interessante - VLS "Soyuz", mas este jé é um assunto do outro passeio temático...
Por hora terminaremos aqui, percorrendo nada menos que seis quilômetros pela orla:
O meu álbum fotográfico completo sobre esta parte da cidade, com coordenadas exatas de cada imagem: https://photos.app.goo.gl/5hAqAkTJ3iYMXY1x7
Fotos do autor
Atualizado 03.07.2019
...cartão de visita Samara, RÚSSIA
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