quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Para Costa de Cacau e Costa de Baleias via região de Pedras Preciosas

A dois e mais de carro, 12 dias em novembro de 2020: 3654 km com muitas belas paisagens inclusive praias de Bahia

Por motivos familiares e profissionais precisamos chegar de Taubaté SP até Ipiaú BA nos dois primeiros dias, com equipagem de três condutores(as), depois disso andamos a dois e o gráfico foi bem flexível. Aproveitamos a estadia na região Centro-Leste do Bahia para conhecer o mais fascinante pedaço do seu litoral - a Praia Taipu de Fora com recifes e piscinas naturais. O tal paraíso fica em Barra Grande na península de Maraú e seu acesso é bastante difícil, portanto usamos nesta pequena expedição um carro mais robusto baseado nos últimos meses em Ipiaú ("Mitsubishi TR4") - 330 km no total (indicados abaixo em itálico, dias 11 a 14). Os demais 3324 km andamos com o nosso "Toyota Etios Sedan XLS" e registramos rendimento médio de 17,2 km por litro de gasolina. Na volta merecemos mais uma parada no litoral, para qual escolhemos as praias de Prado BA (2 dias e noites). Tudo correu muito bem, as estradas foram de boas a razoáveis e interrupções de tráfego raras e (com uma exceção) curtas. 

As mais surpreendentes paisagens curtimos no nordeste de MG, entre Teófilo Otoni e divisas com BA, na ida atravessamos esta Região de Pedras Preciosas pela BR-116, e na volta pela BR-418. Juntando isso com as joias da Costa de Cacau e da Costa de Baleias, o componente turístico desta viagem ficou de bom tamanho:    



Registros diários de rodagem e pernoites:

08.11.2020. Taubaté SP - BR-116 - BR-393 - BR-116 - Teófilo Otoni MG (921 km)

09.11.2020. Teófilo Otoni MG - BR-116 - BR-330 - Ipiaú BA (603 km)

10.11.2020. Ipiaú BA (sem rodagem) 

11.11.2020. Ipiaú BA - BR-330 - BR-101 - BR-030 - Barra Grande, Maraú BA (140 km

12.11.2020. Barra Grande, Maraú BA (16 km

13.11.2020. Barra Grande, Maraú BA (sem rodagem) 

14.11.2020. Barra Grande, Maraú BA - BR-030 - BA-001- Camamu BA - BA-652 - BR-330 - Ipiaú BA (174 km

15.11.2020. Ipiaú BA (sem rodagem) 

16.11.2020. Ipiaú BA - BR-330 - BR-101 - BA-489 - Prado BA (482 km) 

17.11.2020. Prado BA - BA-001 - Cumuruxatiba BA - BA-001 - Prado BA (56 km) 

18.11.2020. Prado BA - BA-001 - BR-418 - BR-116 - São João do Manhuaçu MG (677 km) 

19.11.2020. São João do Manhuaçu MG - BR-116 - BR-393 - BR-116 - Taubaté SP (585 km) 

  

Mapa da rota


O seu formato explica que no trecho entre Taubaté e Teófilo Otoni andamos na ida e na volta em ritmo de operações de transporte e nem pensamos em tirar fotos. Já a alça principal, percorrida no sentido horário (Teófilo Otoni - Ipiaú - Prado - Teófilo Otoni) será lembrada como um misto de avanços expressivos e de contemplação. E a esticada local de Ipiaú para Barra Grande, com um verdadeiro 4 x 4 (embora sem usar este regime de tração), foi o máximo em termos de contato com belezas naturais. Segue alguns comentários ilustrados aos links dos álbuns fotográficos produzidos nestas duas voltas.

Primeiro dia da viagem (domingo) começou bem cedo e andamos sem dificuldades. A meta mínima foi Governador Valadares MG que alcançamos ainda na penumbra, portanto resolvemos avançar mais e paramos para pernoite em Teófilo Otoni MG onde também há boa oferta de hotéis, e o trânsito urbano é mais amigável.

No segundo dia fomos surpreendidos pelas montanhas singulares e algumas autênticas "chapadas" no nordeste de Minas Gerais:


Apesar de relevo, o trânsito fluía bem, graças às faixas adicionais em subidas mais acentuadas. E só algumas dezenas de quilômetros antes da divisa MG-BA ficou mais pesado - depois do trevo da BR-251 que juntou mas tantos caminhões vindos do lado de Montes Claros MG.

Já na parte baiana deste trajeto encontramos uma região mais plana e retas longas da estrada, onde a visibilidade frequentemente foi comprometida pelas ondulações de relevo. Apareceram pedágios e qualidade de asfaltou melhorou em vários trechos. Aqui estava a maior cidade da nossa rota, Vitória da Conquista BA, que nem precisamos adentrar - contornamos pelo seu eficiente rodoanel. A visitação deste centro urbano ficou para época pós-COVID.


No segmento entre Vitória da Conquista e Jequié houve alguns fatores de estresse, como bloqueio de entradas (quer dizer, praticamente saídas da pista principal) em algumas cidades de porte menor, e agressividade de vários caminhoneiros em manobras de ultrapassagem no sentido oposto. Mas finalizamos o nosso longo tour pela BR-116 rumo ao norte sem dificuldades consideráveis, e guardamos essas impressões fotográficas:  2020 MG-BA BR-116 

Já quase no fim do dia atravessamos a Jequié pelo contorno sul e seguimos mais uns 50 km no sentido sudeste pela BR-330, acompanhando o curso do Rio de Contas, a joia desta região. Bem como da própria cidade Ipiaú BA que foi a nossa base principal: duas vezes paramos aqui por duas noites, quatro no total. 


É um dos tantos centros urbanos de porte média-pequena, com população ca. de 50 mil habitantes, mas não qualquer: conhecido como "cidade modelo de Bahia". Possui centro comercial grande e agitado, que atrai visitantes de várias pequenas cidades vizinhas, praças e prédios públicos em bom estado, alguns bairros mais aconchegantes e é bastante organizada em geral: 2020 BA Ipiaú   

O caminho para Península de Maraú saindo de Ipiaú não foi longo e só passamos pelas rodovias federais, embora na maior parte sem pavimentação. 50 km iniciais seguimos pela mesma BR-330 que nós levou até Ipiaú dois dias antes, e na mesma direção sudeste - ao lado do Rio de Contas e passando pela pequena cidade Ubatã e próximo a uma usina hidrelétrica. Depois de alguns quilômetros pela BR-101 ao sul atravessamos uma cidade maior - Ubaitaba, onde encontramos até uma boa avenida beira-rio que faz falta em Ipiaú. 


No final desta avenida começa o trecho final da BR-030 e o asfalto logo termina. Mas a estrada desgruda do Rio de Contas e segue, mudando de direção leste para nordeste e, depois de cruzar com asfalto da BA-001, para quase norte. 

Este já é a sua parte dentro da península, bastante estreia e arenosa, e nos próximos 40 km há acessos a várias praias atraentes.


Apreciamos belas cores e impressionantes extensões da Praia de Algodões (com ampla faixa de areia) e da Praia de Saquaíra (mais castigada pelas ondas), mas não procuramos hospedagem neste pedaço e seguimos para Taipu de Fora


Aqui encontramos não apenas mesmas cores e imensidão mas também um atrativo especial - barreira de corais com ótimas condições para mergulho e observação de vida marinha. Bem como meios de hospedagem variados, portanto logo escolhemos um lugar adequado e acertamos 3 diárias. E estes dias no paraíso aproveitamos 120%. Na mare baixa (parte de manhã) não saímos dos corais.


A extensão deste palco e a variedade de peixes por lá estão à altura dos lugares mais famosos do gênero que já conhecemos no Brasil. E acessibilidade (para quem já se instalou por perto) sem comparação, mas, devido às complicações para viagens que imperaram neste ano, não foi nem um pouco tumultuado.

Nas outras horas preferimos caminhadas para praias vizinhas, somando boas quilometragens diárias. 

O primeiro pôr-do-sol foi atrás das palmeiras da nossa rua e serviu como sugestão de curtir próximo no lugar mais famoso - na vila principal de Barra Grande, próximo ao farol na extremidade norte da península (em baixo à esquerda):   


Mas o melhor foi na hora de sol nascer -  subindo do oceano bem em frente da nossa praia e esta hora foi imperdível mesmo (fotos à direita).

Álbum completo sobre maravilhas destes 3 dias está aqui: 2020 BA Península de Maraú 
 

Na volta para Ipiaú resolvemos variar o caminho e conhecer a cidade de Camamu que serve para ponto de partida das embarcações que levam maior parte dos turistas para Barra Grande. Assim trocamos a segunda porção de 40 km de estrada de terra pela doze dupla de asfalto, inclusive da famosa BA-001.  O movimento de lanchas no porto de Camamu foi modesto, as escunas estavam sem atividade, mas as vistas da cidade e a sua parte histórica justificaram o desvio:


Portanto segue mais um álbum: 2020 BA Camamu

Depois de mais dois dias em Ipiaú e restando quatro dias até o nosso limite de tempo para esta viagem resolvemos iniciar a jornada de retorno. A duplicação de tempo em comparação com a ida permitiu não só reduzir a rodagem diária, mas também aproveitar mais algum pedaço do litoral baiano e de quebra driblar uma das menos amigáveis partes da BR-116. Uma conta bem simples mostrava que 1,5 mil km + desvio(s) para praia(s) resultaria em 1,8 - 2,1 mil km, o que seria possível dividir em 3 partes de 600 - 700 km em média e ganhar um dia de descanso livre de rodagem. 

E onde vamos curtir este dia e mais algumas horas? Escolhemos por eliminação. 1) A parte mais próxima do litoral é atraente: Itacaré com 4 praias da categoria 4 estrelas (no. 11 da lista 100 destaques do "Guia 4 Rodas") e Ilhéus com praias longas e com famoso centro histórico. Mas foi deixada para outra vez justamente por causa disso: na próxima visita à Ipiaú o caminho mais provável será via aeroporto de Ilhéus. 2) Mais ao sul fica região de Porto Seguro que já conhecemos antes. E acessos às suas praias acrescentam distâncias maiores de ida e volta a partir da BR-101, nossa via principal na primeira metade de caminho para Taubaté. 3) Prado BA - mais ao sul, o que joga quilometragem do primeiro dia para faixa de 500 km, bastante próximo à média ideal. E a sua posição é privilegiada: permite tanto acesso da BR-101 em diagonal (BA-489 a partir de Itamaraju), quanto retorno em diagonal - mais ao sul, portanto a quilometragem total será consideravelmente menor que em casos 1 ou 2. Então, aprovado o no.3. Pesquisamos opções de hospedagem, definimos uma boa e bem localizada pousada e reservamos por e-mail.       

A viagem entre Ipiaú e Prado começou pela já conhecida BR-330, mas nesta vez não entramos em  Ubaitaba e seguimos para sul pela BR-101. Estrada foi bastante tranquila, pelo menos em comparação com a BR-116, com certa quantidade de obstáculos em áreas urbanos, bem que a maior cidade do percurso, Itabuna BA, contornamos pela periferia oeste. 



Depois atravessamos uma região menos povoada, com zonas de proteção ambiental, e o tempo fechou de vez na passagem de Eunápolis (onde começa estrada de acesso a Porto Seguro). Portanto não pensamos mais em pequeno desvio para PN Monte Pascoal, e logo depois do seu trevo curtimos paisagens montanhosas já com enfeites de chuvas (fotos das estradas do dia - 2020 BA BR-330, BR-101).

Encontramos uma destas chuvas já nas últimas dezenas de quilômetros e na chegada em Prado, onde paramos no centro para almoço. E depois seguimos mais 8 km ao norte até a nossa pousada na Praia do Farol - pela BR-001 sem pavimentação, que depois da chuva nem soltava poeira. 



Tarde e noite passamos nesta praia e na espaçosa pousada com boa piscina. As cores do oceano e a transparência das águas nesta região não competem com padrões de Maraú e similares, e a culpa é das falésias que permanentemente adicionam porções de terra e barro. A primeira impressão foi de que as ondas jogam alguma emulsão que pode grudar na pele, mas nada disso ocorreu - as condições para banho foram boas, com exceção de mergulho. Em compensação pela falta de transparência da água, as falésias enfeitam bem a paisagem e garantem cara própria a esta parte da costa.

Apesar das ondas amigáveis, das vistas do farol e da interminável faixa de arеia, passar um dia completo só nas proximidades desta praia seria um desperdício, portanto depois de caminhada matutina e de café da manhã saímos de carro rumo ao norte. Paramos em mais algumas praias e escolhemos para aproveitar mais aquela que tem também um rio com manguezais - Praia Japara Grande
  


Finalmente chegamos à carismática vila Cumuruxatiba e curtimos suas belezas e gastronomia, bem na hora de almoço. Depois retornamos para pousada e repetimos programação de ontem para tarde e noite.

Terceiro dia de caminho de volta também começou na praia. Depois de café da manhã ainda aproveitamos bem a piscina e partimos depois das 9 h, sem pressa. Mas nem por isso deixamos de percorrer a maior parte da distância até a casa ainda neste dia, graças às boas estradas. Ao sul de Prado a BA-001 de novo tem asfalto, é reta e plana. Rapidinho chegamos quase até Caravelas, onde há trevo da novinha BR-418. O trecho baiano desta rodovia diagonal também é plano e reto e foi asfaltado só em 2016. Estava impecável e tinha tráfego de baixa intensidade, até depois de cruzar com a BR-101 com a qual nós despedimos neste ponto - rumo a Teófilo Otoni e BR-116. Antes da divisa compramos mangas e melancias baianas e abastecemos bem o carro com gasolina por preço mais baixo do que nós esperava no Minas Gerais. Mas o trecho mineiro da BR-418 guardava também boas surpresas. A primeira foi perto de Nanuque - um saudoso avião B727-200 com pintura VASP estacionado no campo perto da estrada. E depois do trevo de Carlos Chagas (onde almoçamos) começaram aquelas montanhas.... 



A Região de Pedras Preciosas que conhecemos ao norte e ao leste de Teófilo Otoni é muito bonita e um tanto enigmática. Descobrimos meio sem querer, foi um bónus extra nesta viagem. Fotos: 2020 MG BR-418

Passamos a cidade da nossa primeira pernoite nesta viagem de baixo da chuva que começou a diminuir quando entramos na BR-116. Logo parou de vez, e andamos sem dificuldades na direção sul. A nossa meta do dia era Caratinga MG, onde até pré-selecionamos 2 hotéis perto da rodovia, mas passamos por lá antes de escurecer e resolvemos improvisar parada mais adiante, já que na ida percebemos boa densidade de hotéis de estrada - junto aos postos ou na periferia de cidades. A estratégia deu certo e acabamos vencendo neste dia quase 100 km além da metade daquilo que restava de manhã (quase 700 no total).

Assim o último dia da viagem não foi difícil: um pouco menos de 600 km bem conhecidos das viagens anteriores. Saímos cedo, chuvas atrapalharam moderadamente, o tráfego foi um pouco pesado, mas sem interrupções, portanto chegamos ainda no meio de tarde.

Resume da viagem: esta expedição para sudeste de Nordeste via nordeste do Sudeste foi a nossa maior jornada de carro até agora: 12 dias e mais de 3,6 mil km rodados. Mais que isso percorremos várias vezes, mas foi de avião, de trem, de ônibus ou misturando estas modalidades. Gostamos de tudo e no futuro próximo (embora não no ano 2021) faremos investidas que podem superar estas marcas.  

P.S.: além dos álbuns de fotos apresentados acima, serão elaborados também cartões de visita de dois destinos desbravados no litoral: Vila Barra Grande do município Maraú BA (que faz parte da lista 100 destaques do "Guia 4 Rodas" graças à praia que culminou esta viagem) e Prado BA.      

Atualizado: 25.12.2020

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