sábado, 27 de novembro de 2021

Expedição "Vivências Jalapão 2021-5d", dia 4

Nesta vez não colocarei no início da reportagem nenhuma colagem com pretensões de apresentar mais importantes descobertas do dia e começarei simplesmente na ordem cronológica. De manhã cedo acordamos com vozes de araras que sobrevoaram a nossa pousada e nem precisamos de despertador. O tempo estava bom e comecei fazer alongamentos na área externa do nosso apartamento na Pousada São Félix do Jalapão, com câmara fotográfica colocada ao lado. Em menos de 3 minutos primeiro sucesso: 

Um trio de araras-canindé passando bem perto. Continuarei este plantão focando nas paisagens ao redor.


Aquela Serra do Espírito Santo, de novo, mas agora com iluminação bem melhor do que ontem no fim de tarde e com névoas subindo pelos lados. Foi muito bonito mesmo, não existem fotos que possam transmitir isso.

E outra chapada mais à direita e menos distante

Parece que do lado esquerdo também há pássaros grandes em voo. Em pouco tempo eles já estão quase sobre a minha cabeça.

De novo araras-canindé, agora duas e na rota quase oposta.

Nota 10 nos quesitos estilo e sincronia de voo.

Logo a seguir mais uma pérola dos céus, ainda mais perto de mim:

Provavelmente o papagaio verdadeiro ou representante de uma das espécies próximas.

Agora registrando a imagem da nossa pousada no meio deste paraíso: 


E finalmente um colagem - para apresentar outras construções da pousada, inclusive o refeitório que em breve servirá o nosso café da manhã, a parte adjacente da cidade e mais dois pássaros - que estavam presentes no pedaço o tempo todo:


Às 7:45 já embarcamos, e pela lógica do roteiro a nossa direção global de hoje será para oeste - rumo à Palmas ou quase, mas começamos no sentido oposto - recuando para leste pela mesma estrada que nós levou até São Félix do Tocantins ontem. Ainda bem que em menos de 20 minutos chegamos neste lugar fantástico que depois curtimos por duas horas.


Ontem à tarde nós passamos pelo trevo deste local e anotamos uma placa com este nome estranho. E hoje percebemos que ele significa algo especial: um santuário dentro do qual podemos esquecer de tudo resto, inclusive do próprio tempo. Aliás, até de ponto de vista formal a nossa estadia aqui durou muito mais do que em três fervedouros de ontem juntos. 


Vista geral da nossa piscina particular de hoje. O espelho de água é muito calmo, mas no fundo há um anel que nitidamente separa parte periférica sólida e traiçoeiro setor central - com areia em movimento. Este olho d´água é bem grande mesmo. 


E a armação verde deste círculo chama atenção em si, especialmente pelas flores pendentes sobre a água.



Bem, agora já podemos entrar para sentir e observar o que passa dentro deste pequeno lago.


Os habitantes locais foram percebidos antes de mais nada:


Mas eles pouco se importavam com a nossa presença. 


Houve tantos peixinhos pequenos e minúsculos em todo lugar por vezes que foi possível levantar devagarinho as palmas de mãos fechadas em concha para cima do espelho de água e observar movimento deles em nano-piscina privada. Alguns espertos conseguiram pular fora logo, outros esperaram com tranquilidade a reabertura da eclusa para continuar sua navegação livre.

Depois estudamos cuidadosamente as diferenças da densidade de areia nas partes fundo, invadindo aos poucos aquela zona central com sua "fase líquida". De volta às bordas percebemos que por lá também sobem as bolinhas do ar.


Isso é incrível!

 
Mas não chega a ser catastrófico: a temperatura de água continua entre morna e levemente refrescante, portanto a primeira metade da segunda hora dedicamos à observação por dentro deste modo de ferver.

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...E só depois de uma hora e meia destas diversões de repente sentimos que estamos sendo observados por alguém. E bem de perto: os bichos estavam escondidos no meio desta densa vegetação.


E só de perto conseguimos detectar aqueles que se moveram, como este. Entendemos isso como desafio e mudamos o nosso foco:


Logo chegamos a registrar presença simultânea de cinco lagartos do tipo "mini-camaleão" no metro quadrado que escolhemos para nossa pesquisa. Mas as folhas próximas à câmara não deixaram focar de perto todos cinco de vez, portanto tentem contar nas duas fotos da colagem acima. É difícil mesmo?  


Mas este nem pensou em fugir, ele continua de olho na nossa turma.


Estes dois também, resolveram ficar estáticos por algum tempo, só virando os olhos de forma independente.


O mais ativo dos cinco parece mirar algum inseto enquanto se posiciona melhor para dar um bote de língua.

Bem, mais hora meia de contato visual com estes moradores do anel verde em torno do fervedouro passou rápido, e apenas justificou a importância de não ter pressa em lugares como este. Empiricamente provamos que três visitas mais curtas em fervedouros parecidos e primeiros 90 minutos neste só servem para começar a perceber algumas coisas. Aliás, o ideal é não ter pressa mesmo, em lugar nenhum. Mas para lembrar disso às vezes é absolutamente necessário ficar de molho em água que ferve sob temperatura ambiente por tempo de cozimento de carne em uma panela comum. 



...Finalmente, deixamos este inesquecível lugar, desde já sentindo saudades dele. Tudo bem, vamos sem pressa, embora ainda temos outras atrações pela frente, além do longo caminho para fora do Jalapão. 

Para começar, 12 km de volta à cidade.  




Disputa com Mateiros o papel de "capital do Jalapão" - o Parque Estadual ocupa grandes partes destes dois municípios. Nesta altura do campeonato a Mateiros é mais populosa (2,6 mil habitantes), mas a São Félix (1,6 mil) parece mais apta para crescer. Ela é composta de duas partes separadas pela várzea de um pequeno rio, com menos de 0,5 km de largura. E ambas partes possuem amplas avenidas, praças bem cuidadas, pontos comerciais variados...    


Atravessamos a São Félix pela terceira e última (neste roteiro) vez, e seguimos mais 17 km pela TO-030 para oeste, até o trevo da Cachoeira das Araras. O próprio objeto fica à esquerda da estrada principal, mas o acesso de 5-6 km também é perfeitamente transitável.


Ainda um pouco antes deste trevo percebemos a inevitável mudança de tempo. Parece que mais uma chuva forte passará pelo nosso caminho, mas não daquelas que ficam por muito tempo no mesmo lugar. 



No nosso roteiro este lugar tinha dupla função: visitação da própria cachoeira, com direito a banho de duração razoável, e almoço no restaurante do seu ponto de apoio. 

Chegamos:


Este estabelecimento disfarçado com telhado de palha foi de longe o mais chique entre todos onde paramos para almoçar nos quatro dias do nosso roteiro em Jalapão. E no quesito de variedade de comida também se destacou, mas isso foi um pouco mais tarde: chegamos muito cedo para almoço e um tanto tarde para banho de cachoeira que não estará acessível antes de terminarem as trovoadas. Que no momento apenas estão começando, portanto vamos deixar a cachoeira para depois de almoço, torcendo pelo rápido começo e pela pouca duração da chuva de hoje. E o tempo antes de almoço e dos pingos mais grossos aproveitamos para conhecer a área verde ao redor do restaurante.         


Mais uma vez tivemos a oportunidade de observar araras canindé bem de perto - em cima desta mangueira, mas sem chance de focar nelas as nossas objetivas.

Logo depois de almoço a nossa paciência foi recompensado por mais um banho de cachoeira.


O céu ainda estava cinzento, portanto nada daquelas cores azuis-esmeralda. Mas a transparência de água foi padrão Jalapão mais uma vez e a profundidade do poço permitiu seções de hidromassagem com colchão de água - os dois troncos principais foram fortes demais para contato direto com corpo humano. 

Bem, agora na parte de tarde teremos só estrada, muita estrada para deixar o Jalapão e chegar às proximidade de Palmas. Mas temos expectativa de algumas paradas em lugares bonitos...


Morro da Catedral

Esta chapadinha formosa fica bem perto da estrada TO-030 e poderia se apresentar para nós assim:

(imagens de Google Fotos)

Em menos de meia-hora chegamos da Cachoeira das Araras até aqui, mas as águas que desceram do céu uma hora antes ainda não subiram muito e a visibilidade foi quase zero. E pior, já começou outra chuvinha fina, portanto desistimos da caminhada na direção do monólito e ficamos só com estas imagens.  
  

13h13m agora, as trações do dia já acabaram e as estradas do dia apenas começaram: rodamos um pouco mais de 60 km até agora e falta quase 200.


TO-030

A chuva acabou algum tempo depois, mas as condições de estrada pioraram bastante, e avançamos sem pressa. Por volta das 15 h merecemos uma parada para descanso nas margens do Rio Vermelho, progredindo 70 km em um pouco menos de duas horas.

Mas não podemos tirar soneca aqui, e nem tomar banho nestas águas convidativas.


Apenas um pouco de contemplação, exercícios respiratórios, alongamentos... E a estrada chama de novo.


A partir de algum momento percebemos que já deixamos a área de proteção ambiental: apareceram fazendas, plantações, máquinas agrícolas. Mas o show da natureza não terminou ainda.


Aqui as emas provocaram mais uma paradinha para observação


E ainda encontramos tantas araras canindé.

Já depois das quatro horas da tarde chegamos na cidade Lagoa do Tocantins.

 
Mais uma parada aqui: para abastecer carros e aproveitar os demais serviços do posto. Alguns colegas aproveitaram para lavar carros - aqui começa a parte asfaltada do nosso trajeto.


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Depois continuamos para oeste pela bem pavimentada TO-247 que depois de Santa Tereza do Tocantins trocou a numeração de novo para TO-030. E ainda na aproximação à  referida cidade finalmente fechamos aquela volta que começamos nesta rotatória no primeiro dia: foram quase 800 km no sentido anti-horário, salvo alguns desvios locais. E com trechos asfaltados só no início e no fim, não muito expressivos.  

Às 18 horas já chegamos ao nosso destino de hoje: Bistrô e Pousada Casa das Flores em Taquaruçu do Porto, um distrito remoto da capital tocantinense. Aqui houve despedida com nossos guias e com parte do grupo que optou pela programação de 4 dias - eles seguiram para Palmas. Mas a nossa turma pode descansar aqui, para aproveitar mais um dia nos arredores deste distrito.

Esta  pousada urbana nós pareceu bem mais compacta em comparação com padrões do Jalapão. Mas as decorações dos apartamentos do restaurante e das áreas comuns foram muito caprichadas.


Tivemos um jantar à La carte fino, com algumas opões já incluídas no nosso pacote e bebidas a parte. E depois saímos para passeio pelas ruas.

A cidadezinha deixou boa impressão, deve ser muito charmosa até, mas com pouca iluminação não registramos nada nas fotos, além das duas curiosidades encontradas:


O enigmático termo "gueiroba" significa mesma coisa que "gueroba" ou mais popular em GO "guariroba" - um gigantesco palmito do cerrado. E a forte presença de carne de sol na culinária tocantinense (bem como do norte de Goiás) está ligada à história de migrações para esta região, com participação substancial dos nordestinos. Mas as carnes de TO-GO são melhores, e preparadas desta forma também. 

Agora é hora de dormir, e amanhã teremos pouca estrada e três grandes cachoeiras.

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O trajeto do 4-o dia (do leste para oeste):


Em termos de rodagem total foi segundo mais carregado dia do roteiro, e em termos de rodagem pelas estradas de terra foi o dia-campeão.


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